Medidas

Quantas vidas cabem na mão da areia?
Quantas possibilidades bebem aromas improváveis?
Quantos sentidos contêm as flores em copos náufragos?
Quantos olhos possuem a beleza?
Quantos hemisférios encontram-se em órbita?
Quantos respiros recaem sôfregos?
Quantos meta-amores construíram caminhos?

...

Quantos em quantos sonhos me perderam um dia?

Poente

O horizonte abastou-se de cores durante a vida. Agora poente, esta jazia reconfortada na gama de visões estéreas dos tons obsoletos. Houve, porém, moldura em seu caminhar. E sua memória configurava-lhe sorrisos luminescentes em cada quarto de hora em que a chuva apagava de outono a percepção de se existir. Nada lhe perturbava a paz senão a ensurdecedora fragrância de luz, que lhe jorrava o corpo etéreo de partículas refletoras das sensações. Tudo quanto continha a vida, a morte ousou conter.