A infância

Infância... Esta palavrinha invadiu meu pensamento ontem. Eis que ela desenvolveu sua própria definição etimológica. Não sei se ela estava apenas brincando, mas foi assim que ela me ensinou: "in" (do inglês, "dentro"); "fân" (corruptela de "fun"; do inglês, "diversão"); ânsia, desejo. Assim, a "infância" acredita ser a ânsia pelo divertimento. Eu dei minha mão a ela e ela me revelou: "Anna, sempre estarei com você." Foi aí que compreendi que a infância está presente em todos os estágios da vida humana; é companheira fiel de quem anseia pela diversificação dos pensamentos da mente: o divertimento. Ela é como um jogo feito especialmente para crianças entre zero e infinitos anos.

O que de fato é

No princípio era o Pai, era o Filho, era o Santo Espírito.
Eram todas as coisas das coisas que podia ser;
Era a imensidão da fé em ser o que das coisas era e,
não sendo o Pai Espírito e o Filho Santo, mas sim seu avesso,
(o das não-coisas), terminou por ser o que, de fato, era.

Ideia palavra

Peguei-me sentindo as palavras, respirando ideias. Antes, raras. Hoje, muitas. Dançam sobre mim. Gosto assim: palavras e ideias, sentidas de uma só vez, como o susto que se tem ao perceber o voar da borboleta sobrevoando nossa cabeça, a eriçar os fios.

O risco da vida

Para a liberdade proporcionada pelo voar, o pássaro precisa abdicar do conforto e segurança que o ninho lhe proporciona. O frescor que a chuva de verão nos possibilita só acontece porque primeiro houve uma tempestade. Para sermos nós - essencialmente nós - precisamos viver. E viver implica em correr riscos.

Um conto chinês


Uma vaca, um chinês, um argentino e muitas lembranças… e assim nasce "Um conto chinês" de Borensztein. Roberto de Cesare é um personagem denso e fragmentado: não carrega apenas o mesmo nome de seu pai, como também suas dores, alimentando memórias de um passado repleto de perdas. Sua vida milimetricamente sistemática é interrompida quando encontra Jun. Apesar dos problemas de comunicação gerados a partir do encontro de duas culturas diametralmente opostas o que os une é a dor da perda. 

Assim como um vaso de porcelana chinês, de grande valia, frágil e de incomensurável beleza, assim também me parece ser a vida.

Essência

Meu mundo é dos bolos trufados ao final da tarde. É dos doces e dos salgados. Dos olhos e da boca. Do tato que se ouve e do cheiro que alimenta. Dos carrosséis e das mandalas. Meu mundo é das ansiedades do porvir e da água que hidrata as vicissitudes. É dos minutos a mais que se demora na cama e do precioso afago que se recebe em um dia difícil. É da imensidão das vontades. É do sorriso contido e das bochechas que o sangue faz corar. Meu mundo é um mundo em que o tudo está contido.