O esquálido quadrado

O esquálido quadrado
vazio e magro,
nasceu em finas linhas
da ponta de um globo de tinta.

Firmou-se na fortaleza
de sua dupla dimensão:
tanto a qual lhe proveio,
quanto a que o olho enxergava

Seu vazio era robusto
sempre preenchido de ausência;
sua simetria esguia
entediava-lhe a forma.

Quis romper a estrutura
que lhe configurava sem sorte;
crescer em dimensão,
expandir os sentidos.

Seu pulmão rígido
encheu-se de eco,
respirou o tudo
inflando o nada.

Conteve a força
que já não o continha:
estourou em mil pedaços.
Fragmentos de linhas
que escaparam pelo branco.

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